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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

PRESIDENTA X PRESIDENTE




ENSAIO SOBRE O GÊNERO


Circula na Internet um texto, cujo autor não foi identificado, intitulado "Aula de Português", trazendo à baila a questão do gênero da palavra PRESIDENTE e condenando veementemente a forma feminina PRESIDENTA. Na condição de professor de Língua Portuguesa, e por solicitação de um amigo, venho manifestar-me
acerca dessa polêmica, que se instaurou com a eleição de Dilma Roussef para a presidência do Brasil e que se destacou na discussão entre os internautas: Dilma é a presidente ou a presidenta do Brasil?

Na língua portuguesa, assim como em quase todas as outras, existem construções que, com o tempo, ganharam força popular e se fixaram como gramaticalmente corretas, a despeito de contrariar a etimologia. Sobre esse tema, Machado de Assis, nosso
escritor maior, nos alerta:

"Não há dúvidas que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades de usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao
de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade."

Só esse ensinamento do autor de Dom Casmurro já seria suficiente para justificar a incorporação de novas palavras à nossa língua-mãe, mas vamos aos fatos. A discussão é: a presidente ou a presidenta Dilma Roussef? Quanto ao gênero, os substantivos podem ser biformes e uniformes. Os biformes são aqueles que apresentam duas formas distintas, uma para o feminino, outra para o masculino, por exemplo: gato/gata, maestro/maestrina, ator/atriz, camponês/camponesa, pai/mãe, patrão/patroa, ladrão/ladra, pastor/pastora, mestre/mestra, solteirão/solteirona, irmão/irmã, compadre/comadre, boi/vaca, homem/mulher, conde/condessa, elefante/elefanta, poeta/poetisa, avô/avó. Observe-se que a forma feminina ora provém do mesmo radical masculino (como no caso de cantor/cantora), ora de radical distinto (como é o caso de
bode/cabra).

Os substantivos uniformes apresentam uma única forma e se subdividem em três grupos: sobrecomuns, comuns de dois gêneros e epicenos. Sobrecomuns são os que têm um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos. Neste caso, nem os
determinantes se flexionam, por exemplo: o cônjuge varão para designar o homem/o cônjuge varoa para mulher (não existe a cônjuge), a criança (não existe o criança) serve para designar menino ou menina; a sentinela se emprega para homem ou mulher, pois não existe o sentinela. Diz-se: Aquela sentinela está nervoso (e não Aquele sentinela...). Comuns de dois gêneros são os que têm uma única forma para os dois gêneros, porém seus determinantes apresentam variação de masculino para feminino, por exemplo: o atacante/a atacante, um atendente/uma atendente, meu dentista/minha dentista. Epicenos são aqueles empregados com os nomes de animais que possuem um só gênero gramatical, para designar um e outro sexo; neste caso, a distinção é feita com as palavras "macho" e "fêmea", por exemplo: a onça macho/a onça fêmea, o pinguim macho/o pinguim fêmea, a borboleta macho/a borboleta fêmea, o macho do jacaré/a fêmea do jacaré.

Com referência à palavra presidente, o texto veiculado na Internet alega, com razão, que o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, de cantar é cantante, de existir é existente, de mendigar é mendicante, de ser é ente. Aquele que é: o ente. Dessa forma, justificam-se as palavras estudante, adolescente, atacante, informante e, naturalmente, presidente, como uniformes.

No caso específico da palavra "presidente", etimologicamente deveria ser considerada comum de dois gêneros: o presidente/a presidente; no entanto, o uso como palavra biforme (o presidente/a presidenta) está consagrado na nossa língua e tem registro formal. Para isso, consulte-se o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, documento oficial de registro das palavras que fazem parte do nosso léxico. Senão, como se justificaria a existência de palavras como governanta (feminino de governante), elefanta (de elefante), parenta (de parente), infanta (de infante), que pertencem ao mesmo caso etimológico? São formas que, com o tempo, se desviaram do processo formador original.

Não há, portanto, razão para condenar o uso de PRESIDENTA. Podemos sim usar a "presidente" Dilma ou a "presidenta" Dilma, sem que isso contrarie o padrão formal da língua escrita culta. A atual mandatária maior do País prefere ser chamada de PRESIDENTA, e nisso está certíssima. Cabe consignar que o eminente professor Celso Cunha, em sua _Nova Gramática do Português Contemporâneo, preleciona que "os femininos giganta (de gigante), hóspeda (de hóspede), e presidenta (de presidente) têm ainda curso restrito no idioma". Atente que TER CURSO RESTRITO não significa SER ERRADO. O texto veiculado na Internet cita um exemplo negativo de modo a ilustrar o suposto erro no uso da palavra "presidenta":

"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre suas tantas outras atitudes alienantas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta."_

Como se pode depreender, isso é apenas um sofisma, uma ideia enganosa, em que a premissa maior e a premissa menor podem ser verdadeiras, mas a conclusão é falsa. É como se disséssemos: Todo coelho é veloz (premissa maior — verdadeira); o jamaicano Usain Bolt é veloz_ (premissa menor — verdadeira); logo, o jamaicano Usain Bolt é um coelho (conclusão — falsa).

Para finalizar essa suposta "aula de português", o autor destaca: "Está mais do que na hora de restabelecermos A LEITURA E A FALA CORRETAS DE NOSSO IDIOMA — o PORTUGUÊS (falado no Brasil) e não mais o churrasquês, o futibolês e outros dialetos de triste e recente memória, infelizmente aplaudidíssimos pelos 80% dos
patrícios que vibravam com as bobagens oficializadas e incensadas pela massa de áulicos (áulico: cortesão, palaciano) e puxa-sacos dos "cumpanhêru" de igual (?) nível moral e intelectual..."___

Parece-me a mim que este é mais um caso de preconceito explícito e de intolerância política. Independentemente de qualquer partido, de qualquer matiz ideológico, temos uma presidenta eleita por um processo democrático transparente, de acordo com a vontade da maioria dos brasileiros de todas as classes sociais. Os bons brasileiros, os verdadeiros patriotas vão torcer e trabalhar para que o Brasil cresça como nação, avance nas questões sociais e progrida economicamente. Os pseudobrasileiros e os pessimistas de plantão vão continuar esperando que tudo dê errado e discutindo se Dilma é a "presidente" ou a "presidenta". Você escolhe de que lado está.

Filemon Félix de Moraes — professor de Língua Portuguesa em Brasília.

ATIVIDADE

Qual a forma de tratamento mais adequada para a Sra. Dilma Rousseff em sua opinião? Justifique sua resposta, leve em consideração as informações gramaticais apresentadas e as posições ideológicas suas ou apresentadas no texto acima também. Mínimo de 10 linhas, resposta no caderno de português, leitura em classe!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Take an attitude! - Tome uma atitude! (Lead India Tree)



ATIVIDADE

Qual a importância da Educação em sua vida e em sua história? Seu relato deve ser escrito no caderno de português com número de linhas livre e compartilhado.

Boas Vindas!!!

Quero dar as boas-vindas as turmas do 2o. ano do Ensino Médio do J.K. de 2011...

Recomendações e procedimentos de uso:

1- As atividades postadas aqui estão em uma pasta com o nome "BLOG 2o. Ano prof. Deliane Leite", a fim de consulta para os que não puderem acessar o ambiente virtual;

2- As atividades serão postadas semanalmente e todos os estudantes têm o prazo de uma semana para responderem (a contar um dia depois da postagem da professora). Cada atividade terá um procedimento diferente, algumas serão respondidas no item "comentário" que encontra-se no final da postagem e outras serão entregues em sala de aula;

3- Todos os estudantes devem procurar se registrar no item SEGUIR, para facilitar a identificação da professora;

4- Peço gentilmente que as dúvidas sejam tiradas em sala de aula e não no item "comentário";


Desejo Sucesso e bons estudos todas e todos...

Atenciosamente,

Deliane Leite